segunda-feira, 20 de julho de 2020




2 - SALAZARISMO



O salazarismo libertou o país do assalto dos sanguinários vermelhos que assolou a Espanha, manteve-o afastado da carnificina da Guerra Civil que depois o mesmo país vizinho viveu e conseguiu que Portugal se não envolvesse na imensa tragédia da Segunda Guerra Mundial. Mas mais: internamente, pacificou as relações do Estado com a Igreja, sarando a grande ferida desnecessariamente aberta pela República e serenou a vida política permitindo que o país recuperasse a sua economia.
Para aqueles que vêem Salazar como causa e súmula de todas as vilezas, transcrevemos duas frases do insuspeitíssimo e sábio António José Saraiva saídas no Expresso em Abril de 1989:
Salazar foi, sem dúvida, um dos homens notáveis da história de Portugal e possuía uma qualidade que os homens notáveis nem sempre possuem, a recta intenção.
E hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa História a que cabe o nome de salazarismo foi o último em que merecemos o nome de nação independente[1].

Fascismo e Salazarismo 

Em 2018, o ex-ministro socialista Luís Campos e Cunha publicou um substancioso artigo no Observador sob o título de “Fascismo e salazarismo”, onde demonstrou que o regime salazarista não foi fascista[2] – o que faria dele um regime visceralmente criminoso, que as pessoas de recto carácter e de inteligência lúcida do tempo teriam obrigação de recusar – o que se sabe que não aconteceu, bem ao contrário: sobretudo na sua primeira década, mereceu uma adesão generalizada.

Complemento 

O nome de Salazar não é muito frequente nos escritos da Beata Alexandrina, mas há ocorrências significativas. Por intermédio do Cardeal, ela avisou-o antecipadamente de que lhe estavam a preparar um atentado (o de 4 de Julho de 1937), sugerindo-lhe que tomasse providências (cfr. o livro Cristo Gesù in Alexandrina, nota 1 da página 65). Em 1940, escreveu-lhe a aconselhá-lo que tomasse medidas em favor da moralização das praias (e foram tomadas. Veja-se a carta a Salazar em Figlia del Dolore, Madre di Amore, páginas 723-724). Numa carta de Janeiro de 1941 ao Pe. Mariano Pinho, a Beata Alexandrina recolheu estas palavras que Jesus lhe dirigiu:
Diz, diz a Salazar que quero que ele seja um guerreiro como não houve nem haja em Portugal no decorrer da humanidade.
Algumas das citações de António José Saraiva não se aproximam do sentido desta frase?



[1] Como exemplo do que pode haver de exagero dos males reais ou imaginados do Estado Novo, recordamos que um dia, que devia ser do ano 2008, uma aluna nossa escreveu num teste, não nos lembramos a que propósito, que “antes do 25 de Abril, nós vivíamos como escravos”. Como o professor dela tinha vivido vinte e cinco anos antes dessa data, pôde esclarecê-la de que isso era inapelavelmente falso. Mas ensinam-se muitas, muitas outras falsidades à juventude e à população em geral.
Acrescentamos mais estas frases de António José Saraiva saídas no mesmo número do Expresso:
Era essa possivelmente a grande virtude e o grande defeito de Salazar: o rigor talvez excessivo consigo mesmo e com os outros. Quem lê os seus Discursos e Notas fica subjugado pela limpidez e concisão do estilo, a mais perfeita e cativante prosa doutrinária que existe em língua portuguesa, atravessada por um ritmo afectivo poderoso. Por este lado, a prosa de Salazar merece um lugar de relevo na História da Literatura Portuguesa (e só considerações políticas até agora a têm arredado do lugar que lhe compete). É uma prosa que guarda a lucidez da grande prosa do século XVII, e donde é banida toda a nebulosidade, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo o que frequentemente torna obscuro ou despropositadamente ofuscante a prosa dos nossos doutrinadores.
[2] Com a transcrição de algumas frases ou parte delas, sintetiza-se o principal da argumentação do articulista: 1. “Os fascistas tomaram o poder com base num partido de massas e com acções violentas e bem organizadas”, “Salazar nunca teve um partido de massas”. 2. “Salazar abominava os grandes comícios, contrariamente a Mussolini que usava as massas como a fonte do poder”. 3. “Enquanto Mussolini, Hitler ou Franco discursavam e apareciam em público em trajes militares, Salazar nunca o fez”. 4. “O fascismo era uma força revolucionária, idolatrava as máquinas e o desenvolvimento que elas traziam. Pensava o futuro das economias com base na indústria. Salazar era exatamente o contrário”. 5. “Os fascismos europeus eram expansionistas e queriam criar impérios. Salazar, pelo contrário, bastava-lhe conservar o império que tinha herdado da História”. 6. “Salazar era religioso. Nunca saberemos quão católico seria, mas era o suficiente. O Fascismo (e o Nazismo bastante pior) era ateu e idolatrava a guerra e o “progresso”. 7. “O fascismo era racista e o nazismo ainda mais brutalmente o foi. Salazar era um paternalista em relação a África e aos africanos”.

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