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- SALAZARISMO
O salazarismo libertou o país do assalto dos sanguinários
vermelhos que assolou a Espanha, manteve-o afastado da carnificina da Guerra
Civil que depois o mesmo país vizinho viveu e conseguiu que Portugal se não
envolvesse na imensa tragédia da Segunda Guerra Mundial. Mas mais: internamente,
pacificou as relações do Estado com a Igreja, sarando a grande ferida desnecessariamente
aberta pela República e serenou a vida política permitindo que o país recuperasse
a sua economia.
Para aqueles que vêem Salazar como causa e súmula de
todas as vilezas, transcrevemos duas frases do insuspeitíssimo e sábio António
José Saraiva saídas no Expresso em
Abril de 1989:
Salazar
foi, sem dúvida, um dos homens notáveis da história de Portugal e possuía uma
qualidade que os homens notáveis nem sempre possuem, a recta intenção.
E
hoje vemos, com uma dura clareza, como o período da nossa História a que cabe o
nome de salazarismo foi o último em que merecemos o nome de nação independente[1].
Fascismo
e Salazarismo
Em 2018, o ex-ministro socialista Luís Campos e Cunha
publicou um substancioso artigo no Observador
sob o título de “Fascismo
e salazarismo”, onde demonstrou que o regime salazarista
não foi fascista[2]
– o que faria dele um regime visceralmente criminoso, que as pessoas de recto carácter
e de inteligência lúcida do tempo teriam obrigação de recusar – o que se sabe
que não aconteceu, bem ao contrário: sobretudo na sua primeira década, mereceu
uma adesão generalizada.
Complemento
O nome de Salazar não é muito frequente nos escritos da
Beata Alexandrina, mas há ocorrências significativas. Por intermédio do
Cardeal, ela avisou-o antecipadamente de que lhe estavam a preparar um atentado
(o de 4 de Julho de 1937), sugerindo-lhe que tomasse providências (cfr. o livro
Cristo Gesù in Alexandrina, nota 1 da
página 65). Em 1940, escreveu-lhe a aconselhá-lo que tomasse medidas em favor
da moralização das praias (e foram tomadas. Veja-se a carta a Salazar em Figlia del Dolore, Madre di Amore, páginas
723-724). Numa carta de Janeiro de 1941 ao Pe. Mariano Pinho, a Beata
Alexandrina recolheu estas palavras que Jesus lhe dirigiu:
Diz,
diz a Salazar que quero que ele seja um guerreiro como não houve nem haja em
Portugal no decorrer da humanidade.
Algumas das citações de António José Saraiva não se aproximam
do sentido desta frase?
[1] Como exemplo do que pode haver de exagero dos males
reais ou imaginados do Estado Novo, recordamos que um dia, que devia ser do ano
2008, uma aluna nossa escreveu num teste, não nos lembramos a que propósito,
que “antes do 25 de Abril, nós vivíamos como escravos”. Como o professor dela
tinha vivido vinte e cinco anos antes dessa data, pôde esclarecê-la de que isso
era inapelavelmente falso. Mas ensinam-se muitas, muitas outras falsidades à
juventude e à população em geral.
Acrescentamos mais
estas frases de António José Saraiva saídas no mesmo número do Expresso:
Era essa possivelmente a grande virtude e o grande
defeito de Salazar: o rigor talvez excessivo consigo mesmo e com os outros.
Quem lê os seus Discursos e Notas fica subjugado pela limpidez e concisão do
estilo, a mais perfeita e cativante prosa doutrinária que existe em língua
portuguesa, atravessada por um ritmo afectivo poderoso. Por este lado, a prosa
de Salazar merece um lugar de relevo na História da Literatura Portuguesa (e só
considerações políticas até agora a têm arredado do lugar que lhe compete). É
uma prosa que guarda a lucidez da grande prosa do século XVII, e donde é banida
toda a nebulosidade, toda a distracção, toda a frouxidão, tudo o que
frequentemente torna obscuro ou despropositadamente ofuscante a prosa dos
nossos doutrinadores.
[2] Com a transcrição de algumas frases ou parte delas,
sintetiza-se o principal da argumentação do articulista: 1. “Os fascistas
tomaram o poder com base num partido de massas e com acções violentas e bem
organizadas”, “Salazar nunca teve um partido de massas”. 2. “Salazar abominava
os grandes comícios, contrariamente a Mussolini que usava as massas como a
fonte do poder”. 3. “Enquanto Mussolini, Hitler ou Franco discursavam e
apareciam em público em trajes militares, Salazar nunca o fez”. 4. “O fascismo
era uma força revolucionária, idolatrava as máquinas e o desenvolvimento que
elas traziam. Pensava o futuro das economias com base na indústria. Salazar era
exatamente o contrário”. 5. “Os fascismos europeus eram expansionistas e
queriam criar impérios. Salazar, pelo contrário, bastava-lhe conservar o
império que tinha herdado da História”. 6. “Salazar era religioso. Nunca
saberemos quão católico seria, mas era o suficiente. O Fascismo (e o Nazismo
bastante pior) era ateu e idolatrava a guerra e o “progresso”. 7. “O fascismo
era racista e o nazismo ainda mais brutalmente o foi. Salazar era um paternalista
em relação a África e aos africanos”.
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